Uma referência geek inspirou Facundo Guerra, idealizador de bares e casas noturnas em pontos históricos de São Paulo (como Bar dos Arcos, Blue Note, Cine Joia e Clube Lions), ao procurar na natureza um local para uma possível “fuga”. Ele compara sua busca por um refúgio à busca dos preppers nos EUA, a turma que na década de 1950 construiu bunkers se preparando (daí vem o nome) para uma possível guerra nuclear.
Sucessivos burnouts e o vício em tela também o levaram a pensar em uma alternativa longe da metrópole. Em 2019 surgiu o Altar, projeto criado com mais três sócios de casas autossustentáveis cravadas na natureza com aluguel pelo Airbnb, concebidas mais como escapes para a saúde mental que grandes experiências de hospitalidade. A primeira é uma casa flutuante na represa de Piracaia (Joanópolis, a cerca de duas horas da cidade de São Paulo), cujo acesso se dá por bote elétrico, a partir de um terreno costeiro de propriedade do grupo. A casa, rebocável, é assentada sobre uma plataforma flutuante de concreto com ar comprimido, similar a uma balsa.
Ao redor da mesma represa, a 150 km de São Paulo, mas em terra firme, a novidade agora é a Prainha, a segunda de três casas previstas para a região – a próxima, também flutuante, fica pronta ainda neste mês. São cerca de 100 m² de área em cada, metade desse espaço em decks amplos onde as refeições podem ser servidas. Com apenas um quarto, acomodam no máximo um casal e duas crianças, que podem dormir no sofá-cama da sala. As diárias variam de R$ 800 a R$ 1.100.
As casas são modulares e construídas com CLT (Cross Laminated Timber), painéis de madeira de pinheiro fracionada e comprimida com rigidez equivalente à do concreto, mas com metade do peso. O esgoto é resolvido com fossas biogestoras e a energia, com painéis solares e gás. O próximo passo é importar uma tecnologia que condensa a umidade do ar e transfere a água para a caixa.

Na Prainha, a tecnologia está presente. “Quis uma casa com som de última geração e projetor 4k.” Há móveis com a pegada modernista da Westwing, enxoval Trousseau e cozinha equipada com utensílios da francesa Le Creuset. Só não há serviço de quarto. “Ninguém vai fazer a sua cama, tem que ser responsável pela própria bagunça. Não tem paparicagem”, avisa Facundo. Um profissional de limpeza passa pela casa entre um check-out e um novo check-in.
Quem se hospeda ali tem opções de programas com passeios a cavalo, esportes náuticos e trilhas até cachoeiras. É possível até contratar um chef local. “Mas incentivamos as pessoas a trazerem ingredientes e preparar suas próprias refeições.”
O plano do empresário e dos sócios Patrícia Habekorn, Rodrigo Martins e Renata Bagnolesi é ter 50 casas do projeto Altar espalhadas pelo Brasil até o final de 2023. Pontos como Barra do Una (litoral de São Paulo), uma ilha em Paraty, São Francisco Xavier (na Serra da Mantiqueira) e Fernando de Noronha estão em prospecção. Curiosamente, o próprio Facundo só conseguiu se hospedar na Prainha por duas noites e nunca dormiu na casa flutuante devido à alta procura por locação. Ou seja, é necessário se planejar. Ah, sim, e como a desconexão total nem sempre é possível, tanto a casa flutuante quanto a terrestre têm Wi-Fi.
Fonte: https://gq.globo.com/Lifestyle/Turismo/noticia/2021/02/casa-sustentavel-para-aluguel-de-temporada-e-opcao-para-isolamento-na-natureza.html
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