‘Viajar como um local’ muda até a paisagem dos imóveis e cidades, diz Airbnb

‘Viajar como um local’ muda até a paisagem dos imóveis e cidades, diz Airbnb

‘Viajar como um local’ muda até a paisagem dos imóveis e cidades, diz Airbnb 800 600 Super Anfitrião

Paisagem imóveis: A partir do momento em que o portal de aluguel por temporada Airbnb iniciou suas operações em Cuba, no ano de 2015; o fato foi até mesmo compreendido como uma das ações simbólicas do restabelecimento das relações entre os Estados Unidos e a ilha caribenha. Porém, a ideia de compartilhar lares e estilos de vida; ‘reason why’ do Airbnb, nascida e criada no berço do empreendedorismo digital, não era estranha por ali.

Embora a prática de se hospedar em quartos ou casas de famílias não fosse novidade em Cuba; o início das atividades do Airbnb no país (ou em qualquer outro dos 191 países em que ela atua) tem provocado efeitos que vão além de preferências de hospedagem e concorrência com hotéis. pesquisadores ainda tentam entender o quanto isso afeta também o setor imobiliário, o turismo, e até mesmo o planejamento urbano de um destino.

No início da última década, falou-se muito de ‘economia de compartilhamento’; e depois do ‘boom’, a expressão virou Capitalismo de Plataforma, abrindo espaço para questões que se tornaram mais perceptíveis com o uso intenso desses portais.”

“O Airbnb nasce por causa da crise. A ideia é pegar uma coisa subutilizada, um quarto do filho que saiu de casa, por exemplo, e tornar aquilo usável. Mas agora a gente vê que grande parte dos lucros são para unidades inteiras, que há usuários com 200 apartamentos e empresas que vêm fazer negócios no site. E existe uma discussão do quanto isso impacta nas cidades em que há uma questão de moradia evidente”, explica Bianca Tavolari, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), professora do Insper e mestre em Direito pela USP.

Bianca estuda casos de aluguel por temporada pelo Airbnb que acabam sendo levados à Justiça, como brigas de condomínio. Ela ressalta algo que considera importantíssimo para se analisar a relação do fenômeno com a cidade: “Se antes havia uma ideia de que as novas economias iam eliminar o espaço — você pode comprar de qualquer lugar; onde você estiver, a internet vai suprimir o espaço e você vai fazer do jeito que quiser –, isso não ocorreu. Airbnb e Uber fazem uso intensivo da cidade. Eles só não eliminaram o espaço, como o tornaram absolutamente relevante.”

No início das atividades do Airbnb, em 2008, o debate público abordaram o impacto que o portal de aluguel por temporada exerceria no setor hoteleiro e até mesmo nos hostels. No entanto, a pesquisadora acredita ser importante também, ir além da contraposição. Ela compara o Airbnb com o Uber e outros aplicativos de viagem de carro, concluindo que eles não apenas influenciam na oferta de taxistas, mas até de transporte público.

Paisagem imóveis: Já para a turismóloga Rachel Branco, hoje, é mais acessível viajar de forma independente. Rachel pensa que portais de aluguel por temporada foram inteligentes para entender essas mudanças. O desafio, no entanto, é equilibrar esse comportamento com questões urgentes como a turistificação, o ‘boom’ de alugueis e a falta de moradia: “Não adianta proibir Airbnb, couchsurfing, mas conciliar os interesses dessa demanda com o morador e a gestão locais, para que não haja desvantagem em relação a impostos, taxações”, conclui Rachel.

A prova de que a mentalidade do “viaje como um local” é tendência e á a ‘simbiose’ do que vem acontecendo entre o setor hoteleiro e as plataformas como o Airbnb: um está cada vez mais parecido com o outro. No ano passado, o Airbnb adquiriu edifícios e a plataforma HotelTonight.

Seguindo esse caminho, tanto a estética da hospedagem, o discurso do marketing vira novos padrões. Mas é possível vivenciar uma experiência local passando apenas três dias em uma cidade? Ou uma vivência comunitária em uma casa onde você mão encontrou o anfitrião nem pra pegar sua chave?  São perguntas consideradas pelo Airbnb em levantamentos recentes.

Leonardo Tristão, diretor-geral do Airbnb no Brasil, entende que o perfil de quem utiliza o Airbnb mudou ao longo de 11 anos: ” No início, quem mais buscava a plataforma eram mesmo os mais jovens, que muitas vezes viajavam sozinhos e procuravam um lugar em uma casa para se hospedar de forma barata. Mas a procura se espalhou por toda a pirâmide demográfica. Aqueles jovens agora têm família, filhos, animais de estimação, e procuram mais espaço”, conta Leonardo Tristão.

Apesar do novo comportamento, Rachel e Bianca pensam que a maioria dos levantamentos que buscam entender os objetivos de quem aluga pelo Airbnb, indicam que o fator determinante ainda é o custo mais baixo. Mesmo que ainda exista a intenção de descentralizar o turismo, a oferta não se separa sozinha da lógica de mercado, conclui Rachel: “Todo mundo quer estar perto de pontos famosos, do transporte. Então, ao invés de despressurizar essas áreas, quando não devidamente regulamentados ou inseridos de maneira sustentável na realidade do local, esses meios acabam pressurizando ainda mais os centros.”, e Bianca afirma: “Escolha do bairro, da decoração, e muitas vezes esses apartamentos não são tão baratos. Eu sinto que aí é muito mais uma coisa de vivência do lugar: ficar naquela casa, ter aquela sensibilidade. Quando se aluga a unidade inteira não é porque você quer conversar com alguém local no café da manhã”.

Na opinião das pesquisadoras, não se deve abordar o fenômeno desconsiderando a gestão pública. O turista não é o precursor do turismo, diz Rachel: “O espaço do turismo abrange também o morador ligado a um serviço, o atrativo.” Bianca aponta duas medidas que seriam benéficas, em sua opinião: o barateamento de hotéis e o estímulo dos portais de aluguel por temporada a quem aluga com o propósito original da hospedagem pessoa para pessoa: oferecer um quarto vazio da casa,

Rachel pensa da mesma maneira: “A partir do momento em que há descaracterização da oferta, a iniciativa privada está indo de encontro ao próprio discurso. E o morador sempre fica em uma posição mais vulnerável, porque é o agente social menos vislumbrado do turismo”.

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