A Sailside criou o Airbnb dos barcos português. Há 300 embarcações em todo o país, entre barcos a motor e veleiros de proprietários privados, disponíveis no portal desta startup.
O negócio foi criado por João Villas Boas, juntamente com mais três sócios, e acabou de levantar a primeira ronda de financiamento, de perto de cem mil euros, junto da Portugal Ventures. O negócio, desenhado para os próximos cinco anos, inclui um plano para navegar para outras águas: primeiro Brasil, e depois Espanha e Dubai. “Não vendemos um aluguer, é uma experiência náutica.
Queremos que as pessoas comprem histórias e emoções. Há poucos acontecimentos felizes na nossa vida que não se passem num barco”, assinala João Villas Boas. Este fazedor nasceu no Porto, há perto de três décadas e tal como o pai, o avô e o bisavô foi a Medicina a sua área de formação. Ao contrário dos antecessores com quem partilha nome e formação, porém, foi o empreendedorismo que o conquistou, uma vez cumprida a vontade de seguir a tradição de família.
Foi assim que se juntou a Pedro Lourenço (financeiro), Pedro Canedo (operações) e Ricardo Lobo (programador) para criar a Sailside. Criada para responder a quem gosta de andar na água e não tem meios para tal, na plataforma os alugueres podem ser feitos por meio-dia ou ao dia e incluem skipper, marinheiro, seguro e algumas facilidades no convés.
É obrigatório que as embarcações estejam registadas como atividade marítimo-turística. O aluguer sem capitão só é possível se o cliente tiver carta de marinheiro. Grande parte dos utilizadores escolhe um homem do leme para a sua aventura.
José Burnay é o anfitrião do Fiji, um dos 300 barcos registados na plataforma. Nas últimas semanas, este também médico tem recebido vários grupos, todos de fora do país. Ao juntar-se a esta plataforma, o Fiji não passa tanto tempo ancorado na marina do Parque das Nações e dá menos despesa ao dono.
A Sailside fica com uma “pequena comissão”, por questões logísticas e para garantir a qualidade. Brasileiros, ingleses e franceses são os principais clientes da plataforma e com preferências variadas: “Em Lisboa, procuram-se mais veleiros. No Porto, por causa das margens do Douro, são barcos a motor. Mas é no Algarve que há mais alugueres: estamos em Vilamoura (onde ganhamos mais dinheiro) e em Portimão.”
A ideia para esta startup nasceu numas férias. “Sempre tive uma relação próxima com os barcos. Em miúdo, fiz vela no Porto, no Clube de Vela Atlântico. Há uns anos estava com a minha ex-namorada na Turquia e queríamos alugar um barco. Era preciso falar com os donos, que não falavam bem inglês.
Pensei: e se houvesse uma aplicação que me permitisse arranjar um barco por preço, localização, número de pessoas e pelas facilidades?” A necessidade deste fazedor transformou-se em negócio a partir de março de 2018. “Começamos com cem euros investidos em marketing digital e uma viagem ao Algarve.
Fomos a todas as marinas de lá e a todos os hotéis de cinco estrelas”, lembra o fazedor. Ao mesmo tempo, um programador começou a desenvolver a página da empresa em troca de ações. Depois da viagem ao sul do país, a Sailside já tinha 17 barcos registados. Com os primeiros alugueres, o dinheiro foi reinvestido em marketing digital – ou bootstrapping, na linguagem dos fazedores.
Alguns meses depois, veio a participação no programa Tourism Explorers, organizado pelo Turismo de Portugal e pela incubadora Fábrica de Startups. Estava provada a viabilidade do negócio. A primeira ronda de financiamento veio há poucos dias: a Portugal Ventures investiu cerca de cem mil euros, injeção que vai permitir à startup reforçar a equipa, hoje com sete pessoas, que vai mudar-se para a Fábrica de Startups.
Nos próximos meses, vai partir à conquista do mercado brasileiro, para compensar a descida dos alugueres durante o inverno português. Mesmo que tudo no Brasil seja “mais difícil” por causa da sua dimensão e pelo facto de ter “pouca legislação” para o aluguer de barcos. Depois disto, a Sailside vai começar a testar o mercado espanhol e do Dubai.
No próximo ano, haverá mais uma ronda de financiamento, antes da Série A, que deverá ocorrer daqui a dois anos. Ao contrário do que é habitual nas startups portuguesas, esta plataforma também já tem um plano de saída desenhado, por causa da forte concorrência nos Estados Unidos. “A nossa estratégia é irmos para mercados onde os rivais não estão tão atentos, conquistar a liderança desses países e, depois, fazer um exit, daqui a quatro ou cinco anos.”
Fonte: Dinheiro Vivo
O que achou? Deixe seu comentário: